Foi como assistir a um truque barato de mágica: Você estava aqui — inteiro, entregue, em festa. E, no instante seguinte… poof ! Virou fumaça. Nem bilhete. Nem rodada final. Só um “foi tudo lindo, mas preciso tentar de novo”. (Com alguém que, até ontem, era um capítulo encerrado.) E eu? Fui o ensaio. Fui o rascunho bem escrito que serviu de comparação. A lembrança que talvez você vá negar até pra si mesmo, porque brilha demais pra caber no script que você quer agora. Me bloqueou. Como quem tranca uma porta com medo de que o vento volte. Como se sentir fosse algo contagioso. Perigoso. Incurável. Mas tudo bem. Eu sou dessas memórias que não batem na porta — entram pela rachadura. E um dia, quando a vida estiver silenciosa demais, vai lembrar do som da minha risada, e não vai saber de onde veio. Vai lembrar do cheiro, da paz, e não vai saber de quem. Mas eu saberei. Porque eu estava lá. Presente. Viva. Tão inteira, que talvez tenha sido demais… pra quem só sabe lidar com metades. Então vai...
Acordei com ressaca de nós. Embriagada no que foi existir contigo por um dia. Cada segundo: febre e paz. Você me olhava e era como se soubesse. Como se visse além da pele, da pose, do riso fácil. Você me viu — e eu nem lembrava mais como era ser enxergada assim. Tão inteira, tão sem pressa. Foi como se algo em mim, esquecido, tivesse voltado a respirar. Você me atravessou — urgente e gentil e isso rasgou minha alma. como se abrisse um presente esperado. E agora eu quero mais... Ao seu lado, tudo silenciou. O mundo, minhas urgências, minha defesa. Era casa. Era colo. Era silêncio e som. Era caos. Desvendou meu espírito com conversa e toque. Com as mãos que escorregavam pelas minhas coxas como se soubessem o caminho, com os beijos plantados no meu pescoço como promessa de algo que viria - e me roubaria. Você me fez querer — sem medir, sem medo. Querer teu beijo, tua presença, tua voz ecoando no escuro da sala. Seu cheiro ficou em mim. Não no corpo — na alma. Como é que, em 18 horas, ...