Eu te observo daqui, e o que mais me dói é ver o quanto você tenta se consertar por causa de feridas que não são suas, insiste em achar que o problema está em você. Como se seu sentir fosse errado. Como se o seu jeito apaixonado e cheio de vida fosse um defeito de fabricação. Mas não é. Nunca foi. Você carrega um coração que sente o mundo inteiro, e isso assusta essa dimensão superficial na qual vivemos. Você sente tudo de uma vez... e quer viver tudo agora. Quer a entrega, o toque e o olhar que reconhece. Quer sentir o universo girar dentro do peito. Quer a calma depois da tormenta, o abraço que acolhe e o olhar que diz “fica”. Mas o problema é que nem todo mundo tem coragem de mergulhar tão fundo em você. Tem gente que só quer nadar na superfície e foge assim que percebe que pode se afogar em algo verdadeiro. E aí, você, com esse coração bonito, começa a duvidar de si e tenta se conter. Começa a achar que é demais, quando na verdade só é inteira.Vai se encolhendo, se diminuindo, tent...
Às vezes, a gente esquece quem é. E é assim que eles vencem. Não é preciso grito, tapa ou hematoma pra quebrar uma mulher por dentro. Às vezes, basta uma frase repetida devagar, todos os dias: “você não é suficiente.” E quando vem disfarçada de cuidado… dói ainda mais. Porque existe um tipo de abuso que é silencioso. Que se infiltra devagar. Que começa com uma crítica “sem maldade”, depois vira piada, depois vira hábito, depois vira verdade. É quando alguém que diz amar passa a medir o seu corpo, o seu valor, o seu futuro… como se você fosse um objeto que ele pode avaliar, corrigir, descartar. E você, já fragilizada, começa a acreditar. Começa a achar que realmente não é bonita o suficiente, magra o suficiente, boa o suficiente. Que ter filhos te tira valor. Que estar cansada é defeito. Que ter opinião é rebeldia. Que ter limites é ingratidão. E, quando você vê… você virou uma versão menor de quem era. Pisando em ovos. Pedindo desculpas até pelo ar que respira. Implorando amor para qu...