Pular para o conteúdo principal

A Rotina

Sou uma alma inquieta que precisa de novidade para respirar. O novo me fascina, me intriga, me impulsiona. 

A rotina, com sua previsibilidade, me enfada, como um filme repetido que já não desperta interesse. O mesmo abraço, as mesmas frases, os mesmos gestos... tudo isso me afasta. Odeio a monotonia do conhecido. O previsível é o veneno que intoxica minha alma.

Desafios, mesmo que inventados, são o tempero da vida. Preciso ser cativada todos os dias. Preciso do frescor que só a surpresa traz. Me conquiste hoje, amanhã, sempre. Descubra novas formas de me ver, de me tocar, de me fazer sorrir. Encante-me e, se necessário, até me desencante, mas me surpreenda.

Não sei viver no estático, no comum. Para mim, viver é movimento, é transformação, é arte contínua de se recriar. Viver é pegar a mesmice e, de algum jeito, torná-la extraordinária. É tecer o brilho do inesperado no tecido do cotidiano, e fazer da rotina uma dança constante de reinvenção.

A rotina, por si só, não precisa ser chata. Com o tempero certo, com a pimenta da criatividade, ela se transforma. A previsibilidade se dissolve quando você adiciona a beleza dos detalhes, as pequenas surpresas que fazem tudo parecer novo de novo. E, assim, o mesmo de sempre ganha uma nova camada, um sabor diferente, sem deixar de ser rotina.

No fim das contas, tudo isso é um exercício de superação. É sobre se auto-surpreender, se desafiar, se redescobrir – e, nessa dança, se apaixonar pela vida, todos os dias.


Comentários

Mais Vistas

A falta de controle

Você já parou pra pensar como a vida muda seu curso em um segundo? Do mais absoluto NADA. Um instante antes você está dentro da rotina, acreditando que tem um roteiro em mãos, que sabe a próxima cena. E, de repente, sem aviso, sem preparação: BOOMM! Tudo se desfaz. Você precisa recomeçar, refazer, assimilar… do nada. Um acidente, um adeus, uma doença. Do nada. E é aí que a vida nos revela sua crueldade e sua beleza: ela não pede licença, não dá prévia, não negocia. Ela simplesmente acontece. E, ainda assim, a gente insiste em acreditar que tem controle… e sofre pela ausência dele, como se essa ausência fosse falha, quando na verdade é a regra do jogo. A falta de controle é a lembrança mais cruel e mais bela da existência. Cruel porque nos arranca a ilusão de sermos donos do tempo, dos outros, até de nós mesmos. Bela porque, ao despir-nos dessa ilusão, nos devolve a verdade mais antiga: tudo é instante.  Heráclito já dizia que “ninguém entra duas vezes no mesmo rio, porque as águas ...

Nuances (19/11/2025)

Era só um sopro. Um toque leve, quase tímido, desses que atravessam a pele sem pedir licença. Meu coração ainda andava devagar, como se estivesse tentando decifrar o que viria desse prelúdio doce, quente, que se instalou em mim sem pressa. Aos poucos, o ar mudou. A respiração ficou curta, o corpo começou a entender a linguagem secreta que só a gente fala. Cada centímetro virou gatilho, cada gesto virou centelha. E eu senti… o ritmo subindo como maré, a mente abrindo janelas, portas, mundos. Era informação demais, sensação demais, tudo vindo junto, sem ordem, sem lógica um caos delicioso, urgente, vivo. Como se eu fosse feita só de nervos expostos e desejo pulsando. Até que… de repente… o silêncio. Não um silêncio vazio. Um silêncio que acolhe. Um nada pleno, suspenso, onde a minha alma simplesmente se desprende do corpo e começa a dançar sobre nós. Ali, não tinha pensamento. Não tinha “eu”. Não tinha tempo. Só a explosão. O brilho. A entrega. O cheiro... o nosso cheiro invadindo o ar, ...

Nós (17/11/2025)

a gente é tão diferente e tão igual. Você é sistemático e organizado. Eu sou caótica e impulsiva. Você é contido e controlado. Eu sou uma explosão de fogo e vertigem. Mas a verdade é que dentro de você tem um vulcão,  um calor que cresce e queima tudo. Você é controverso, contraditório…  finge que não quer controlar, mas controla. Finge que não quer queimar e incendeia. E tem esse desejo secreto, nem tão secreto assim, pela minha rendição. E eu, que sempre fui escandalosa, dona de mim… me vejo sendo guiada, tomada, conduzida de um jeito que não me diminui me revela. É tão delicioso que assusta. Porque com você eu relaxo. Eu me rendo. Eu solto o peso do mundo sem culpa. Você me incendeia, me instiga, me tira da rota e ao mesmo tempo é brisa fresca. É clareza. É esse silêncio bom que abraça. É essa sensação de lar que eu achava que nunca mais ia sentir. E eu bagunço. Bagunço sua cama, sua rotina, sua vida meticulosamente dobrada. Te tiro do eixo, te faço sentir,  te faço pu...