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Mostrando postagens com o rótulo em pauta

Carta para mim

Eu te observo daqui, e o que mais me dói é ver o quanto você tenta se consertar por causa de feridas que não são suas, insiste em achar que o problema está em você. Como se seu sentir fosse errado. Como se o seu jeito apaixonado e cheio de vida fosse um defeito de fabricação. Mas não é. Nunca foi. Você carrega um coração que sente o mundo inteiro, e isso assusta essa dimensão superficial na qual vivemos. Você sente tudo de uma vez... e quer viver tudo agora. Quer a entrega, o toque e o olhar que reconhece. Quer sentir o universo girar dentro do peito. Quer a calma depois da tormenta, o abraço que acolhe e o olhar que diz “fica”. Mas o problema é que nem todo mundo tem coragem de mergulhar tão fundo em você. Tem gente que só quer nadar na superfície e foge assim que percebe que pode se afogar em algo verdadeiro. E aí, você, com esse coração bonito, começa a duvidar de si e tenta se conter. Começa a achar que é demais, quando na verdade só é inteira.Vai se encolhendo, se diminuindo, tent...

Nunca Mais (25/11/25)

Às vezes, a gente esquece quem é. E é assim que eles vencem. Não é preciso grito, tapa ou hematoma pra quebrar uma mulher por dentro. Às vezes, basta uma frase repetida devagar, todos os dias: “você não é suficiente.” E quando vem disfarçada de cuidado… dói ainda mais. Porque existe um tipo de abuso que é silencioso. Que se infiltra devagar. Que começa com uma crítica “sem maldade”, depois vira piada, depois vira hábito, depois vira verdade. É quando alguém que diz amar passa a medir o seu corpo, o seu valor, o seu futuro… como se você fosse um objeto que ele pode avaliar, corrigir, descartar. E você, já fragilizada, começa a acreditar. Começa a achar que realmente não é bonita o suficiente, magra o suficiente, boa o suficiente. Que ter filhos te tira valor. Que estar cansada é defeito. Que ter opinião é rebeldia. Que ter limites é ingratidão. E, quando você vê… você virou uma versão menor de quem era. Pisando em ovos. Pedindo desculpas até pelo ar que respira. Implorando amor para qu...

Quase... (10/11/2025)

É um quase amor. Desses que te deixam suspensa no ar, sem chão, sem fôlego. Um quase que engana bem, que se disfarça de amor inteiro, que te olha nos olhos como se fosse ficar, mas nunca fica. É o tipo de amor que promete o mergulho, mas seca a piscina quando você pula. É uma dança entre o calor e o frio. Ele se aproxima o bastante pra te fazer acreditar, pra te aquecer, pra te lembrar de como é bom ser desejada. E, no segundo seguinte, ele recua. Você fica lá, tremendo, com frio, tentando entender o que aconteceu. Tentando decifrar o que foi que você disse, o que fez errado, onde apertou demais. Mas não é você. É o quase. O quase sempre parece amor, porque vem com todos os gestos, todas as palavras certas, todas as pequenas provas que fazem o coração acreditar. O problema é que o quase nunca sustenta. O quase só existe enquanto te observa de longe, enquanto é desejo, enquanto é admiração. O quase te quer enquanto é possível fugir. Você tenta se convencer de que vale a pena, que talvez...

Um vinho em Gramado...

Tem algo de quase sagrado nas viagens entre amigas. A mala vai cheia de roupas que a gente nem sabe se vai usar, mas o que realmente importa é o espaço que sobra: pra gargalhar até doer a barriga, pra confidências no meio da estrada, pra silêncios confortáveis olhando a paisagem passar. Com amigas, cada esquina vira descoberta. Um vinho em Canela vira terapia. Um café em Gramado vira ritual. E o mundo parece mais leve, mais bonito, mais possível. É que amizade entre mulheres tem esse poder quase mágico: o de lembrar a gente quem somos quando o resto do mundo tenta nos confundir. Elas nos devolvem o riso, a coragem, o brilho. Nos lembram que a vida não é só sobre responsabilidades é também sobre viver. Viajar com amigas é se permitir ser outra versão de si mesma. Mais livre, mais boba, mais viva. É redescobrir que felicidade compartilhada é duas vezes mais intensa e que há momentos que, sozinhas, jamais teriam o mesmo sabor. Porque tem coisa que só amiga entende. Tem amor que só amizade...

A profecia (auto)realizável

Sabe aquela história de tentar evitar tanto uma coisa, que no fim é exatamente isso que faz ela acontecer? Pois é. O sociólogo Robert K. Merton deu nome pra esse enredo que a vida adora encenar: profecia autorrealizável. Em resumo, é quando a gente acredita tanto em algo — mesmo que falso — e age de tal forma pra evitá-lo, que acaba transformando a própria crença em realidade. Mas Merton, coitado, talvez não tenha imaginado que um dia essa teoria viraria manual de instruções da vida emocional moderna. Porque, convenhamos, a gente vive criando catástrofes antes delas existirem. Fazendo cálculos emocionais pra que nada saia do controle — e, ironicamente, é isso que nos tira do eixo. A gente se antecipa. Quer prever o imprevisível. Quer se proteger do que nem chegou. E nessa ânsia de escapar da dor, de evitar o fim, a gente constrói com as próprias mãos o exato caminho até ele: É o garoto que tem tanto medo de ser traído que começa a desconfiar de tudo, vasculhar sinais, procurar ausência...

A calma que arde (20/10/25)

Tem algo novo acontecendo dentro de mim. Não explode. Não atropela. Não pede socorro. Só pulsa… com uma calma aquietante mas com uma intensidade que há muito tempo eu não sentia.  É como se, depois de tanto tempo anestesiada, eu tivesse finalmente reencontrado um sentir que é só meu.  E ele pulsa.  Com presença, com leveza, com coragem.  E, contrariando o senso comum,  o mais bonito disso tudo  é que esse sentimento não me sequestrou ele me devolveu pra mim. Não me interessa se durará uma semana ou uma década.  Não estou calculando as possibilidades de queda, nem construindo um plano de fuga.  Só estou mergulhando... de olhos fechados.  E se doer?  Bom… Pelo menos eu senti.  Porque… tem algo nele que me dá paz.  Me traz de volta pra casa. Me devolve pra mim. Não é paz de promessa eterna.  Mas paz de presença verdadeira.  Não sei se é o jeito que ele me escuta.  Ou o modo como ele não finge nada.  Só sei...

16/02/25

 

Ao redor do luto…

Dizem que o luto não acaba, a vida é que cresce ao redor dele. É como se fosse uma raiz invisível: está sempre ali, firme, silenciosa, mas a gente aprende a florescer mesmo assim. Hoje vi uma foto do Rafa, Duda e eu. A gente era tão lindo junto… sabe aquela família que combina? Os sorrisos, a mão dele na minha cintura. Ela na nossa frente… Como se a vida tivesse congelado em um instante perfeito. Às vezes eu me pego olhando essas fotos e pensando: será que a gente sabia, naquele momento, o quanto era feliz? Ou a gente só descobre depois, quando já não dá pra voltar? Outro dia olhei a primavera aqui de casa. Ela tava tão pequena quando ele se foi… hoje tá enorme. A amoreira nem dava amoras, e eu ainda não tinha plantado as paineras ou a jabuticabeira. E cada planta aqui carrega um pedaço da nossa história: algumas ele conheceu, outras só eu e a Duda vimos crescer. A natureza é uma testemunha do tempo — cresce sem pedir licença, mesmo quando a gente sente que ficou parada no mesmo ponto ...

A falta de controle

Você já parou pra pensar como a vida muda seu curso em um segundo? Do mais absoluto NADA. Um instante antes você está dentro da rotina, acreditando que tem um roteiro em mãos, que sabe a próxima cena. E, de repente, sem aviso, sem preparação: BOOMM! Tudo se desfaz. Você precisa recomeçar, refazer, assimilar… do nada. Um acidente, um adeus, uma doença. Do nada. E é aí que a vida nos revela sua crueldade e sua beleza: ela não pede licença, não dá prévia, não negocia. Ela simplesmente acontece. E, ainda assim, a gente insiste em acreditar que tem controle… e sofre pela ausência dele, como se essa ausência fosse falha, quando na verdade é a regra do jogo. A falta de controle é a lembrança mais cruel e mais bela da existência. Cruel porque nos arranca a ilusão de sermos donos do tempo, dos outros, até de nós mesmos. Bela porque, ao despir-nos dessa ilusão, nos devolve a verdade mais antiga: tudo é instante.  Heráclito já dizia que “ninguém entra duas vezes no mesmo rio, porque as águas ...

Gozar é um Ato Político

O prazer feminino é um ato político. Sempre foi. E, em certa medida, ainda é algo negado, silenciado, tratado como tabu.  Nosso corpo foi historicamente sexualizado: mas não para nós!!! Querem que sejamos objeto do desejo alheio, nunca donas do nosso próprio prazer.  Porque prazer é liberdade. E liberdade assusta. Não nos querem livres. Não nos querem sensuais para nós mesmas, não nos querem conscientes da potência que habita entre nossas pernas e pulsa em nossa pele.  Querem corpos domesticados, úteis, obedientes. Tão coisas que não importa se sentimos, importa apenas que sirvamos.  Podem nos bater, nos humilhar, nos controlar, nos exigir. O prazer feminino, para eles, é perigoso demais: porque rompe a corrente, porque revela um poder que não se deixa dominar. Mas livres somos. Apesar de tudo. Somos donas de nós, ainda que tenham tentado nos roubar isso de todas as formas. Aprendemos a transformar nosso corpo em território de luta, em bandeira de guerra, mas também ...

Eu quero encontrar: não vencer. (2025)

O amor, hoje, parece ter virado uma disputa de estratégias. Quem conquista mais rápido, quem joga melhor, quem calcula o silêncio ou a ausência para manter o outro preso no laço. Como disse Byung-Chul Han, vivemos em uma sociedade da performance, até no amor: tudo precisa ser prova, resultado, vitória. Mas eu não quero isso. Não quero manuais de conquista, nem joguinhos de poder. Não quero ser convencida, nem convencer alguém pela insistência. Porque o amor que nasce da disputa é frágil: ele cansa, ele cobra, ele pesa. Clarice Lispector já lembrava que “o que me tranquiliza é que tudo o que existe, existe com uma precisão absoluta”, e é disso que falo: não quero um amor fabricado, quero um amor que existe por si, com precisão e entrega. O que eu busco é diferente. Eu quero encontrar: não vencer. Quero aquele instante em que duas almas se reconhecem e tudo faz sentido, sem esforço, sem barganha, sem currículo de qualidades a apresentar. Roland Barthes dizia que “o enamorado espera”: e e...

O Novo Amor e o Luto

O luto é uma montanha-russa emocional que não avisa a próxima curva. A gente não supera; a gente tenta coexistir. E muitas vezes, mesmo com o coração pulsando de saudade e memórias, é impossível escapar do peso das expectativas alheias: "Você precisa seguir em frente", eles dizem. Mas o que é seguir em frente quando cada esquina do mundo sussurra o nome do Rafael? Eu sinto falta dele, das risadas, dos defeitos, até das pequenas chatices que eram só dele. Sinto falta do beijo de manhã, da alegria com o Natal. E sinto a ausência até onde ele nunca esteve – como na represa de Furnas, onde eu não pude deixar de pensar: Rafa ia amar esse lugar. Ele está em tudo, até nas músicas que ele nunca ouviu, fazendo parecer que ele nunca realmente foi embora. Mas, ao mesmo tempo, ele foi. E aí vem o dilema. Amar de novo. Como? Como abrir espaço para outra pessoa sem sentir que estou diminuindo o espaço do Rafael? Como não deixar que o medo de parecer ingrata ou desleal para ele, ou até para...

Ep. 9 - O poder da vergonha — e como ele te paralisa

Pode ficar só entre nós? Eu sou a Pollyanna Quites… e hoje eu quero falar sobre  o poder da vergonha . Você já parou pra pensar como a vergonha é uma das emoções mais poderosas — e perigosas — que existem? Pois é. Não sou eu quem tá dizendo, não. A Brené Brown, aquela pesquisadora que dedicou a vida pra estudar vulnerabilidade e emoções humanas, já explicou: a vergonha é uma emoção social. Ou seja: ela só existe porque tem um outro olhando, julgando… ou pior, porque você acha que ele está. O poder da vergonha é esse:  ela não precisa ser real para te paralisar . Basta a suposição. E sabe quem percebeu isso muito antes da Brené Brown? A sociedade. A vergonha é uma ferramenta criada e usada para  controle social : "Não faça isso, ou vão rir de você", "não se separe, ou vão falar mal de você", "não cobre pensão, ou vão te chamar de interesseira". Percebe? O tempo todo somos ensinadas a sentir vergonha para não fazer o que seria o melhor pra nós. A vergonha é ...

Ep. 8 - O último golpe é te silenciar…

  Pode ficar só entre nós? Eu sou a Pollyanna Quites… e hoje eu quero falar sobre isso aqui: Pessoas têm vergonha de se expor. Vergonha de contar que foram traídas, que apanharam, que o ex não paga a pensão, que o cara sumiu, que o acordo foi injusto… Vergonha… como se elas fossem culpadas! Mas olha… quem tem que ter vergonha é o agressor, o traidor, o mal pagador de pensão, o irresponsável emocional, o covarde. Sim, porque covarde é quem machuca e depois finge que nada aconteceu. Covarde é quem trai e depois te acusa de ser “emocionada”. Covarde é quem some e depois diz que “tava confuso”. Se fosse corajoso… — Teria brigado com alguém do tamanho dele. — Teria enfrentado a relação com diálogo, com respeito, com verdade. — Teria pago a pensão, oras! — Teria se responsabilizado. Mas não… O último golpe é sempre te silenciar. Fazer você achar que está exagerando. Te convencer que "é melhor não expor". Que “não pega bem”. Que “você vai parecer louca”. E sabe por quê? Porque enqua...

Ep. 7 – Redes sociais e a falácia de que aquilo é nossa vida

  Pode ficar só entre nós? Eu sou a Pollyanna Quites… e hoje eu quero falar sobre as redes sociais e a falácia de que aquilo é nossa vida. Nos últimos dias, eu tenho passado por desafios enormes. Minha vontade, sinceramente, é não aparecer nas redes… ou, se aparecesse, seria pra chorar igual criança e pronto. Sair da cama tem sido um desafio. Mas vai lá… olha meus vídeos, meus stories… e me conta: você vê isso? Vai lá e me diz se aquela mulher não parece ter a vida perfeita… que sabe todas as respostas… que é mais forte que o mundo. E eu não tô mentindo lá. Não tô. Eu sou aquela também. Na minha profissão, eu realmente sei as respostas. Eu realmente sou mais forte que tudo. Mas… eu não sou  só  aquela. Eu sou mais. Eu sou múltipla, complexa, cheia de nuances… e existem outros momentos… Momentos em que eu tô frágil… assustada… Me sentindo sozinha e desamparada. As pessoas precisam entender: As redes sociais são uma parte, uma pequena parte de um todo imenso. Por mais que v...

Ep. 5 - Estar sozinha não é fracasso — é liberdade

Pode ficar só entre nós? Eu sou a Pollyanna Quites… e hoje eu quero falar sobre a dificuldade que tantas de nós temos de fazer coisas sozinhas. A gente cresce ouvindo que a felicidade só é completa quando compartilhada… mas será? Por que sentimos tanto medo, tanto desconforto, ou até vergonha, de fazer coisas sozinhas? Um cinema, um jantar, uma viagem. Talvez seja porque fomos ensinadas a medir nossa importância pela presença do outro. Como se estar sozinha fosse sinal de rejeição, e não de liberdade. Como se fazer planos sozinha fosse falta de companhia, e não presença de si mesma. Eu mesma estou ensaiando há tempos: quero fazer uma viagem sozinha. Não pra fugir de ninguém. Não por falta de opções. Mas pra me encontrar. Pra perceber o que eu gosto, o que eu penso, o que eu desejo… sem a influência ou o olhar de mais ninguém. Fazer coisas sozinhas é um ato de coragem e de amor próprio. É abrir espaço pra silenciar o barulho dos outros e escutar, de verdade, o que a nossa alma está quer...

Ep. 4 - O cinza também é cor

Pode Ficar Só Entre Nós? Hoje eu quero falar com você… Que anda se sentindo velha, cansada, errada… Que olha pra sua vida e sente que o tempo corre rápido demais, que as cobranças são muitas, que os erros são imperdoáveis… E você tenta. Tenta tanto. Se inspeciona, se corrige, se culpa… E, mesmo assim, o erro passa — como aquele vento insistente, entrando pela fresta da janela que você esqueceu de tampar… Naquele segundo que você… pisca. E, claro, você se culpa, porque acha que não podia nem piscar. Eu sei. Eu sei porque… eu também sinto isso. E é exatamente aí que a gente erra mais: Quando acredita que não pode falhar. Quando esquece que viver é também falhar. Você não está velha. Nem burra. Nem complicada demais. Você está viva. E viver… cansa. Viver… pesa. Viver… às vezes é cinza. Mas o cinza não é ausência de cor… É só um convite. Pra desacelerar. Pra respirar. Pra se escutar… Hoje, eu só queria te lembrar disso: Que não precisa acertar o tempo todo. Que pode, sim, piscar. Que pode ...

Ep. 3 - Insistir é coragem ou é se perder?

POD Ficar Só Entre Nós? Há uma linha tênue entre coragem e teimosia, entre lutar por algo que vale a pena e se perder no abismo de uma relação sem reciprocidade. E quem nunca se perguntou: será que estou me expondo demais? Será que estou insistindo demais? Afinal, até onde vai a linha da autenticidade, e onde começa o terreno perigoso de se entregar sem retorno? Falam tanto sobre vulnerabilidade, como se fosse algo lindo, um ato heroico. E é. Mas ninguém avisa o que fazer quando a vulnerabilidade encontra o vazio, quando as palavras que deveriam acolher o que você sente simplesmente não chegam. Como lidar com a coragem de se abrir, sabendo que o risco é se despedaçar? E mais: como reunir os cacos quando isso acontece? A verdade é que ser autêntica é um ato revolucionário . Mostrar quem somos, o que sentimos, é desarmar-se num mundo onde todos estão com os escudos levantados. Mas ser autêntica não é despejar tudo de uma vez, nem se obrigar a ser transparente com quem não merece. Ser au...

Só um minuto (05/2025)

Queria pedir, sem alarde: Mundo, para. Só um minuto. Desliga os alertas, os prazos, os sons. Esquece os boletos, as mensagens não respondidas, os “tem que”. Só um minuto. Pra eu sentar. Respirar. Sentir meu próprio corpo sem correria. Ouvir meu pensamento sem ruído. Ficar quieta — sem culpa. Porque tem dias que viver parece atravessar correnteza. E tudo em mim grita por ar. Por pausa. Por um intervalo entre o caos e o próximo compromisso. Então, por favor... Mundo, só um minuto. Eu prometo que volto. Mais inteira. Mais eu.

Celebrar você, florescer em mim (27/04/25)

Hoje seria seu aniversário de 43 anos. Já é o quarto aniversário sem você. Tenho a sensação de que está ficando mais leve — não que não doa, mas é como se eu tivesse me acostumado. E é difícil se acostumar com algo tão ruim. Talvez a beleza da vida esteja justamente nisso: nos acostumamos com absolutamente tudo, até com a ausência mais cruel e dolorosa. Eu chorei hoje. Ainda choro quando olho suas fotos, quando escuto seus áudios e ouço sua voz. Pensar que nunca mais sentirei o calor da sua pele, o gosto do seu beijo, o seu cheiro... parte de mim se quebra de novo cada vez que penso nisso. Talvez seja isso que aconteça com o tempo: a gente não esquece, não supera. A ausência continua ali — latente, dolorosa — mas não grita mais. Ou talvez nossos ouvidos tenham se acostumado ao som estridente dos grunhidos da saudade, do mesmo jeito que nossos olhos se acostumam com a ponta do nosso próprio nariz: sem ver, mas sentindo. Hoje vi uma foto sua. Seu olhar estava tão doce... um sorriso de sa...