Pular para o conteúdo principal

Sinal fraco: Falta conexão

Ah, o cara legal. Aquele que te faz rir fácil, que te manda mensagem de bom dia com emojis fofos, que lembra do seu filme favorito e que, por fora, parece a combinação perfeita de tudo o que você sempre quis. Ele te trata como uma princesa, como se tivesse decorado cada capítulo do manual do relacionamento ideal. E aí vem o paradoxo: ele é incrível, e ainda assim, você não sente aquela coisa. Aquela faísca, o frio na barriga, o arrepio na nuca. Algo não bate, e você não consegue nem explicar o que é.

Então começa o conflito interno. Você se pergunta se está sendo exigente demais, se não está reconhecendo o que tem na frente por pura sabotagem ou medo de se entregar. Aquele velho medo de perder uma boa oportunidade ou, pior ainda, de estar repetindo padrões. Afinal, já ouvimos tantas vezes que a gente sempre acaba querendo o que não pode ter, o cara difícil, o complicado. Aquele que não manda emojis de bom dia, mas que faz seu coração acelerar.

Será que a intuição está gritando algo que você não quer ouvir? Ou é só o medo falando mais alto? E se for apenas mais uma fuga estratégica, disfarçada de falta de conexão? A linha entre a autossabotagem e a verdadeira ausência de química é finíssima. E se fosse a sua mente criando problemas onde não tem? Talvez ele seja o cara e você está perdendo a chance por ficar buscando a faísca errada, aquela que você sempre confundiu com paixão.

Mas, espera... e se essa sensação incômoda for o seu corpo, a sua alma, te dizendo algo que a mente não consegue traduzir em palavras? Às vezes, o coração sussurra o que os nossos pensamentos tentam calar. Não é fácil decifrar a intuição, mas uma coisa é certa: o corpo não mente. Se algo dentro de você não vibra, não é para ignorar. E aqui vai o ponto crucial: nem sempre conseguimos nomear o que é que não encaixa, e isso não quer dizer que não haja algo.

Aí surge uma nova questão: será que estou tão acostumada com o furacão que, quando finalmente encontro algo que é paz, não consigo reconhecer? Será que eu confundo calma com tédio, tranquilidade com falta de emoção? Talvez eu tenha passado tanto tempo em relacionamentos turbulentos, onde a adrenalina era o prato principal, que agora, diante de algo leve, estável, eu fico esperando o próximo terremoto que nunca chega. Será que estou inconscientemente buscando a tempestade, ansiando por aquele caos disfarçado de paixão? Às vezes, a gente se perde nesse ciclo de confundir intensidade com conexão, como se o coração só pudesse bater mais forte quando está à beira do abismo.

Tem uma frase que diz que o oposto de amor não é ódio, mas indiferença. E talvez o que você esteja sentindo seja exatamente isso: ele é bom, carinhoso, está presente, mas não mexe com você. E o que é o amor, se não o desejo de estar perto, de se perder no outro, de sonhar acordada com a próxima conversa, o próximo toque? Se isso não está ali, pode ser um sinal de que algo essencial está faltando.

E sim, pode ser confuso. Pode parecer que você está jogando fora a chance de ser feliz com alguém que, no papel, preenche todas as caixinhas. Mas talvez a intuição esteja te avisando que o coração é mais do que uma lista de qualidades. É sentimento, é pele, é alma, é aquele algo a mais que não se explica. E no fundo, você sabe. Sabe quando é medo, quando é sabotagem... e quando é apenas a falta de uma conexão verdadeira.

Afinal, se fosse para ser, você não estaria aqui, no meio dessas dúvidas todas, não é?

Comentários

Mais Vistas

Desabafo... querido diário

Tá todo mundo me perguntando se eu tô bem hoje. E, no automático, eu respondo: tô bem. Bem… rsrs… o que é estar bem de verdade? Porque a sensação que eu tenho é que ninguém nunca está bem. A gente se acostuma com as pancadas da vida, com as inconstâncias da vida. A vida te dá e também te rouba, a vida faz florescer e morrer. E a gente se acostuma com esse movimento. Se isso for estar bem, compreender o vai e vem, eu tô bem. Não sei dizer se aprendi a lidar com a saudade. Não sei dizer se me acostumei ou se efetivamente cresci ao redor dela. Sinto que, nos últimos 30 dias, não faço nada além de sentir. Sentir profundamente a perda, sentir e lembrar. Até nisso você deu um jeito de ser intenso, não é? Me deixou 30 dias para lembrar e sofrer tudo de uma vez. Bom que consigo ser mais produtiva ao longo do ano… hahahaha… você entenderia essa piada. Dizem que a vida é nascer, casar e morrer … Em 30 dias, eu revivo esse ciclo inteiro, com as festas de final de ano no meio e toda a ausência qu...

O Brasil não tem cultura?

Ouvimos isso o tempo todo. Fruto de um velho e cansado complexo de vira-latas, essa ideia de que somos um país menor, sem arte, sem cinema, sem grandeza. Como se o Brasil não tivesse sua própria voz, como se nossa cultura fosse apenas um reflexo pálido de outras, sem brilho próprio. Mas basta olhar com atenção para ver: o Brasil não apenas tem cultura, o Brasil É cultura. Se não tivéssemos cinema, O Pagador de Promessas não teria cruzado o mundo com sua fé e tragédia, conquistando Cannes. Cidade de Deus não teria feito a indústria cinematográfica mundial tremer diante de sua estética feroz. Central do Brasil não teria levado nossa alma para a tela, emocionando o Oscar e eternizando Fernanda Montenegro como uma das maiores atrizes da história. Se não tivéssemos música, João Gilberto não teria reinventado o tempo com sua bossa, Cartola não teria pintado nossa tristeza com poesia, o funk não teria feito o mundo abaixar até o chão. Se não tivéssemos literatura, Machado não teria dissecado ...

Amor de domingo

É gostoso ser desejada, claro que é.  Ter gente te querendo, te olhando como se você fosse mágica em forma de mulher. Tem seu charme a liberdade, o frio na barriga de conhecer alguém novo, as noites imprevisíveis. Mas, no fundo, o que eu queria mesmo… era um amor de domingo. Porque o amor de domingo é diferente. Pro amor de domingo eu não preciso de salto alto e batom vermelho — só a camiseta dele e os pés descalços. Amor de domingo não precisa de cenário: o sofá bagunçado, a pia com duas xícaras e o cheiro de café com bolo já bastam. O amor de sábado é puro fogo. Ele invade. Ele te vira do avesso. É risada alta em bar lotado, é pele na pele, é desejo que não espera. O amor de sábado é suor, vinho derramado, sexo com urgência. Ele não pergunta se pode entrar — ele arromba a porta. Mas o amor de domingo... ah, o amor de domingo bate na porta e traz pão quentinho. Ele te olha com calma, escuta cada detalhe bobo do seu dia e ri junto de coisas que nem têm tanta graça assim. Ele te ama...