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Por Que Carrie Não Poderia Viver um Amor Genuinamente Bom?

A série Sex and the City sempre teve um jeito de nos prender em suas histórias de relacionamentos, mas quando olhamos mais de perto, percebemos alguns padrões tóxicos e frustrantes. Um exemplo claro disso é o relacionamento entre Carrie e Aleksandr Petrovsky, o "Russo". Ele surge como um homem perfeito: maduro, bem-sucedido, charmoso, e completamente apaixonado por Carrie. Ao contrário de Mr. Big, ele não está emocionalmente indisponível ou constantemente fugindo do compromisso. E então, num piscar de olhos, ele é transformado em um egoísta insensível, tudo para justificar a volta de Carrie com o turbulento Big.

Esse arco de narrativa envia uma mensagem perigosa para as mulheres: reforça a ideia de que talvez seja melhor investir naquele cara "problemático", que já te machucou, mas que supostamente ama de verdade. É uma romantização de algo que deveria ser visto como prejudicial: a busca interminável por uma relação que exige sofrimento e sacrifício para, finalmente, dar certo.

A trama nos faz acreditar que o cara "bom demais" não é real ou sustentável. Em vez de permitir que Carrie vivesse uma relação genuinamente saudável, a série distorce o que poderia ter sido uma história sobre paz e companheirismo. O romance com Petrovsky tinha tudo para ser o que Carrie precisava depois de tantos altos e baixos, mas a série preferiu afundá-lo para criar uma redenção artificial de Big. Afinal, como poderia Carrie, a protagonista que tantas mulheres admiravam, terminar em um relacionamento onde não houvesse dor, dúvidas e complexidade?

Esse tipo de narrativa reforça a ideia de que as mulheres devem sempre escolher o cara complicado, aquele que nos faz sofrer, porque, de alguma forma, isso torna o amor mais "verdadeiro". Assim, nos vemos presas à crença de que a estabilidade emocional ou um relacionamento saudável não são suficientes. A série perpetua o mito de que o romance precisa de altos e baixos dramáticos para ser autêntico. E aí está o grande desserviço: ao colocar o relacionamento com Petrovsky como uma ilusão, a série nos força a aceitar que Big — com todos os seus defeitos e falta de clareza emocional — é o verdadeiro amor de Carrie.

Mas será que é? Por que Carrie não poderia simplesmente viver um amor bom? Por que o final feliz precisava ser com um homem que a fez sofrer tanto? Ao desmontar a relação com o Russo, a série não só diminui a possibilidade de amores mais saudáveis, mas também reforça a ideia de que as mulheres devem aceitar o caos emocional de um homem, pois é isso que torna o relacionamento "verdadeiro".

Precisamos de histórias que mostrem que o amor pode ser leve, genuíno e recíproco, onde não há necessidade de confusão ou sofrimento para que seja real. Carrie, como muitas de nós, merecia isso. Merecia uma história de amor onde o parceiro estivesse disponível emocionalmente desde o início, e não onde ela precisasse se arrastar por anos até ele, enfim, perceber seu valor. 

E neste texto eu nem ousei falar do Aidan...


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