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NÃO QUERO NADA (2003)

Nada que seja tão comprometedor e tão fulgáz.

Nada que venha como um... tanto faz...

Nada que seja calmo e previsível.

Nada que não possa ser discutido.

Não quero nada...

Nada que não esquente e esfrie,

Nada que não mude, como o vento.

Nada que não surpreenda como o vulcão,

Nada que não me acalme o coração...

Não quero nada...

Que venha com desagrado

Que não seja um afago,

Que não desperte emoções.

Não quero nada...

Menos que o infinito,

Menos que um sorriso,

Menos do que o risco.

Não quero nada...

Que me prenda em correntes

Que me esconda, inocente,

Que me impeça de viver.

Não quero nada...

Menos do que o amor

Na esperança ou na dor

Velar um sono, até adormecer...

Nada

Que não seja bem sereno

Inconsequente e tão pleno

Puro, intacto, arrebatador.

Nada, que não venha como um prêmio

E que eu aceite, mesmo não merecendo...

E faça feliz sendo feliz.

Nada que não tenha encantamento

E que sorrindo ou sofrendo

Me faça sentir que por dentro

Há vida e força em mim...

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