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Como você falaria com seu melhor amigo?




Quem vive o luto sabe que o pior de tudo é a montanha russa. 
Você tá bem hoje, amanhã não está mais. Você quer superar hoje. Amanhã não quer mais. Você planeja um futuro hoje. Amanhã não planeja mais. 

Isso é o pior. 

O processo e as fases não são lineares. Não existe uma regra ou uma linha pela qual você caminha. Não existe um passo a passo e um roteiro. 

Você só vai andando por um caminho que não existe, até que você passe sobre ele. 

Eu não sei mais quem sou, o que quero, quais são meus sonhos e desejos. 
Era bom demais ser nós. 
E o vazio do lado dele desse nós me deixa completamente perdida. Fico pensando, quem de nós dois sonhou esses sonhos? Eles ainda me representam?
Metade de mim ainda está exatamente onde ele me deixou dia 23.01.22. 
Metade de mim tenta com todas as forças continuar andando em frente. Seguindo. Caminhando. 
Como entender isso?

Vivo com duas - ou mais - pessoas dentro de mim querendo milhares de coisas diferentes. Alguns dias acordo cheia de sonhos e vontades, cheia de esperança. Em outros só quero ficar escondida no quarto mais escuro que existir. 
Alguns dias sinto que vou conseguir e vou conquistar o mundo. No outro percebo que tenho zero controle sobre mim. 

E às vezes eu sequer quero me conhecer melhor. Porque me conhecer de novo significa que não sou mais a pessoa que eu era e isso valida a noção de que aquele sonho - porque a minha vida era um sonho - acabou de verdade. 

Acho que é disso que as vezes a gente foge. Da noção - certeza - de que aquela vida acabou. A gente se apega a tudo que pode: pessoas, coisas, antigos hábitos, como se segurar isso fosse impedir que a dura realidade nos alcance. 

Mas a dura realidade nos alcança, não importa o que façamos. 

A dura realidade tem me alcançado, por mais que eu corra dela, e isso é o pior, correr dela. 

A gente corre e gasta todas as nossas energias nessa tarefa que não faz sentido, pq a realidade é mais rápida, e quando ela nos alcança ela nos dá uma rasteira enorme, ela nos derruba, nos arranha, nos ferre - irremediavelmente.

Aprendi que não adianta correr da realidade. Nem forjar outra. 

A gente tem que aceitar a realidade, com compaixão e amor. Não é um tão fácil assim, mas naquela hora que você pensar em se cobrar, naquela hora que você pensar, poxa, como sou um fracasso por não tá conseguindo, se pergunte se você falaria assim com seu melhor amigo, e tenha mais compaixão por você mesmo. 

Com amor...


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