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🌒 A Contradição do Luto

 ðŸŒ’ A Contradição do Luto

Eu tive um sonho.

Estava em um evento qualquer, desses que juntam gente que a gente já viu em outras vidas — ou em versões antigas da nossa própria. De longe, reconheci alguns rostos familiares… não tão familiares assim. Gente do meu passado. Gente que, por delicadeza ou por auto-preservação, eu preferi não cumprimentar.

Estava com uma amiga, dessas que sempre parecem estar do nosso lado quando a vida aperta ou confunde. Fiquei ali, na minha, observando sem me aproximar. Mas, na saída, vi uma senhora sozinha — aquela que, mesmo cercada de pessoas que me torcem o nariz, sempre me tratou com gentileza. Me aproximei. Trocamos palavras doces e melancólicas. Algo sobre saudade. Algo que ela sentia. Algo que eu entendia bem demais.

Foi então que outra voz apareceu, dura como um tropeço na alma. Disse que não fazia sentido aquela tristeza, que quem vive dizendo que tem uma vida maravilhosa não deveria falar de dor, nem de vazio. E eu, sem raiva, só com a verdade nos olhos, respondi:

“Aí está a contradição do luto… Às vezes a gente está mesmo feliz. A vida segue, oferece vitórias, floresce em novas possibilidades. Mas ao mesmo tempo — exatamente ao mesmo tempo — existe um buraco ali, um silêncio que não passa. Porque falta alguém. Falta sempre.”

A conversa se desfez como se desfazem as brisas tensas. Fui atrás da minha amiga. Ela tinha entrado no carro e saído de novo, meio impaciente. Parecia irritada porque não tinha sido cumprimentada — e de repente tudo virou drama. Ela ficou brava, entrou no carro e tentou ir embora, mas o carro não pegou. Faltava energia. Bateria zerada.

Como mágica de sonho, apareceu alguém para ajudar. Um homem qualquer. Desse gesto simples, ela fez um palco: ligou o carro, começou a desfilar devagar, na frente dele, repetindo “ele está olhando, ele está olhando”… como se precisasse muito ser vista.

Fiquei quieta um tempo. Depois, com cuidado, disse que talvez ela tivesse sido dura demais. Que a raiva vinha de outro lugar.

Ela olhou pra mim, com uma calma estranha, e disse:
“Você é que precisa aprender a se valorizar mais. E a receber.”

Acordei com isso martelando no peito.

Porque às vezes, mesmo nos nossos próprios sonhos, alguém precisa nos lembrar que o amor — por si, pelos outros, pela vida que ainda resta — também precisa ser acolhido.


🔮 O que esse sonho quer dizer?

Esse sonho traz uma poderosa reflexão sobre o luto, o pertencimento e a forma como você se relaciona com partes de si mesma — e com o passado.

1. Encontros com pessoas do passado

As figuras que aparecem no sonho representam capítulos encerrados (ou quase encerrados) da sua vida. Você os observa de longe, com consciência de que ali não há mais espaço ou afeto verdadeiro — exceto por uma exceção, alguém que ainda carrega carinho e humanidade.

O que isso revela?
Você já não busca mais aprovação onde não é bem-vinda. Mas ainda há uma parte sua que sente saudade — não das pessoas, mas talvez do que poderia ter sido. Do amor que não teve espaço para florescer, das pontes que ficaram pela metade.

2. A conversa sobre o luto

Esse é o ponto central do sonho. Quando você explica a “contradição do luto”, está verbalizando algo que o seu coração já compreendeu: é possível viver alegrias reais e, ao mesmo tempo, sentir uma ausência constante. Uma presença invisível que te acompanha, mesmo quando tudo está indo bem.

Isso mostra:
Você está elaborando o luto com maturidade emocional. Já não nega a dor, nem se afoga nela — você integra a perda à vida que continua.

3. A amiga impulsiva

Essa personagem representa um aspecto seu ou uma pessoa próxima que espelha comportamentos mais reativos: orgulho ferido, desejo de reconhecimento, raiva mal canalizada. Quando ela fica brava por não ser cumprimentada, quer arrancar o carro, desfilar para o homem ver — tudo isso mostra uma busca por validação.

E o mais simbólico:
O carro não tinha bateria. Ou seja, não adiantava forçar a saída, nem dramatizar: faltava energia emocional verdadeira. Só depois que alguém “empresta” energia, ela se move — mas ainda assim, o movimento é performático.

4. A frase final

Quando ela te diz: “Você precisa aprender a se valorizar mais e a receber”, o sonho entrega sua mensagem mais direta.

Essa frase é para você.
É sua alma, seu inconsciente, te lembrando que:

  • você merece ser bem tratada;

  • não precisa se defender de tudo;

  • pode abaixar a guarda e deixar que a vida (e o amor) te abracem também.


🌱 Conclusão

Esse sonho não é só uma lembrança do passado — é um convite à reconciliação com você mesma.

Você está num momento de virada interna: mais consciente do que te feriu, mais segura de onde pisa, e pronta para se permitir receber o que antes parecia “grande demais” para você.

É um sonho sobre crescimento emocional, merecimento e autorrespeito.

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