Pular para o conteúdo principal

Filhos não são nossa garantia, mas podem ser nosso maior presente

Sempre nos dizem que não devemos ter filhos esperando que eles cuidem de nós. E isso é verdade. Filhos são um ato de amor, um salto de fé, não um plano de aposentadoria ou um seguro de cuidados. A maternidade não deve vir com expectativas de retorno, porque, afinal, criamos nossos filhos para serem livres e para viverem suas próprias vidas, não para estarem presos à nossa.

Mas há momentos em que a vida nos surpreende com pequenos presentes inesperados. Como naquele dia em que você acorda doente, com a cabeça pesada e o corpo pedindo descanso. Sem precisar dizer uma palavra, sua filha percebe. Ela te olha de um jeito diferente, mais atento, e antes mesmo que você possa insistir que está tudo bem, lá está ela com um copo de água e um chá quentinho. Não há promessas de cuidado eterno, nem cobranças ou obrigações. Apenas um gesto simples, mas carregado de amor.

Nesses momentos, você percebe que, mais do que um laço de sangue, há uma conexão construída de empatia, afeto e atenção. Uma parceria de vida que vai além do papel de mãe e filha. Aquela filha, que você um dia embalou e cuidou, agora se mostra uma companheira de jornada.

No fim, não é sobre ter alguém que cuide de você, mas sobre construir relações onde o cuidado é uma via de mão dupla. Sobre criar laços tão fortes que, no momento de fragilidade, você encontra uma mão estendida. E isso, por si só, é uma das maiores recompensas da vida.

Obrigada, minha filha, por estar comigo nos dias difíceis e por ser essa mulher incrível que eu tenho tanto orgulho em chamar de minha. Obrigada por sua sensibilidade, por me enxergar além das palavras e por me lembrar, com pequenos gestos, que o amor é essa troca constante de cuidado e presença. Ver você crescer e se tornar essa pessoa tão atenta e generosa é o maior presente que a vida me deu. E saber que eu posso contar com você, não por obrigação, mas por escolha, é algo que me enche o coração de gratidão.

Comentários

Postar um comentário

Fala comigo:

Mais Vistas

A falta de controle

Você já parou pra pensar como a vida muda seu curso em um segundo? Do mais absoluto NADA. Um instante antes você está dentro da rotina, acreditando que tem um roteiro em mãos, que sabe a próxima cena. E, de repente, sem aviso, sem preparação: BOOMM! Tudo se desfaz. Você precisa recomeçar, refazer, assimilar… do nada. Um acidente, um adeus, uma doença. Do nada. E é aí que a vida nos revela sua crueldade e sua beleza: ela não pede licença, não dá prévia, não negocia. Ela simplesmente acontece. E, ainda assim, a gente insiste em acreditar que tem controle… e sofre pela ausência dele, como se essa ausência fosse falha, quando na verdade é a regra do jogo. A falta de controle é a lembrança mais cruel e mais bela da existência. Cruel porque nos arranca a ilusão de sermos donos do tempo, dos outros, até de nós mesmos. Bela porque, ao despir-nos dessa ilusão, nos devolve a verdade mais antiga: tudo é instante.  Heráclito já dizia que “ninguém entra duas vezes no mesmo rio, porque as águas ...

Nuances (19/11/2025)

Era só um sopro. Um toque leve, quase tímido, desses que atravessam a pele sem pedir licença. Meu coração ainda andava devagar, como se estivesse tentando decifrar o que viria desse prelúdio doce, quente, que se instalou em mim sem pressa. Aos poucos, o ar mudou. A respiração ficou curta, o corpo começou a entender a linguagem secreta que só a gente fala. Cada centímetro virou gatilho, cada gesto virou centelha. E eu senti… o ritmo subindo como maré, a mente abrindo janelas, portas, mundos. Era informação demais, sensação demais, tudo vindo junto, sem ordem, sem lógica um caos delicioso, urgente, vivo. Como se eu fosse feita só de nervos expostos e desejo pulsando. Até que… de repente… o silêncio. Não um silêncio vazio. Um silêncio que acolhe. Um nada pleno, suspenso, onde a minha alma simplesmente se desprende do corpo e começa a dançar sobre nós. Ali, não tinha pensamento. Não tinha “eu”. Não tinha tempo. Só a explosão. O brilho. A entrega. O cheiro... o nosso cheiro invadindo o ar, ...

Nós (17/11/2025)

a gente é tão diferente e tão igual. Você é sistemático e organizado. Eu sou caótica e impulsiva. Você é contido e controlado. Eu sou uma explosão de fogo e vertigem. Mas a verdade é que dentro de você tem um vulcão,  um calor que cresce e queima tudo. Você é controverso, contraditório…  finge que não quer controlar, mas controla. Finge que não quer queimar e incendeia. E tem esse desejo secreto, nem tão secreto assim, pela minha rendição. E eu, que sempre fui escandalosa, dona de mim… me vejo sendo guiada, tomada, conduzida de um jeito que não me diminui me revela. É tão delicioso que assusta. Porque com você eu relaxo. Eu me rendo. Eu solto o peso do mundo sem culpa. Você me incendeia, me instiga, me tira da rota e ao mesmo tempo é brisa fresca. É clareza. É esse silêncio bom que abraça. É essa sensação de lar que eu achava que nunca mais ia sentir. E eu bagunço. Bagunço sua cama, sua rotina, sua vida meticulosamente dobrada. Te tiro do eixo, te faço sentir,  te faço pu...