Pular para o conteúdo principal

Fazendo limonada


A vida de todos nós é cheia de pequenas - ou grandes - tragédias. Todos os dias acordamos e temos que superar alguma coisa, enfrentar algum medo, lutar por algum sonho.
Não tem jeito, essa é a vida aqui na terra: dual, efêmera e linda.
Estou lendo um livro cujo prefácio me marcou muito ao me lembrar que as histórias contadas são sempre as dos Heróis/Santos ou dos Vilões, nos fazendo esquecer as milhões de pessoas comuns “cujas vidas se diluíram em meio a vida das multidões”, e cujo grande feito é transformar a vida dos seus, dos que os rodeiam, dos mais difíceis de amar: os próximos.
Recentemente fui apresentada a série #ThisIsUs (gratidão imensa Gabi) e ela fala disso - de mais uma família cuja vida não tem nada de especial ou grandioso, além da simplicidade de ser e amar - um amor que transborda.
Em meio aos pequenos e grandes desafios, a família vai construindo uma história linda, comum, verdadeira, tendo como grande ato heróico a coragem de pular sem amarras nessa linda experiência e ir transformando “o limão mais amargo em algo parecido com uma limonada”.



Este foi o post do Instagram... o que eu não escrevi lá é que tá difícil pacas fazer essa limonada... além de azedos esses limões são duros e sem caldo.


Assistir essa série tá sendo lindo e doloroso.
Lindo porque vejo ali o que eu tinha, um amor que transborda. Doloroso por saber que acabou.
Essa coisa do acabou é horrível. E ainda é bem difícil de lidar com ela.
Eu não sou boa em fazer limonada. Até algo PARECIDO com limonada é difícil de fazer.
As vezes eu tenho dificuldade de acreditar, olho ao meu redor e fico pensando, será mesmo? Já me peguei imaginando o tanto que seria bom se isso fosse uma pegadinha, e de repente ele reaparecesse, ou se de repente eu acordasse desse sonho.
As vezes, como diria a música, eu quero beber até me acabar, dançar e ouvir barulho, como se esse mundo fosse me tirar da realidade triste onde estou.
Não tem receita pra essa limonada.
Eu acho que a gente vai misturando os ingredientes, conforme eles vem, um pouco mais de medo, menos angústia, muita saudade, e de repente: limonada.

Comentários

Mais Vistas

A falta de controle

Você já parou pra pensar como a vida muda seu curso em um segundo? Do mais absoluto NADA. Um instante antes você está dentro da rotina, acreditando que tem um roteiro em mãos, que sabe a próxima cena. E, de repente, sem aviso, sem preparação: BOOMM! Tudo se desfaz. Você precisa recomeçar, refazer, assimilar… do nada. Um acidente, um adeus, uma doença. Do nada. E é aí que a vida nos revela sua crueldade e sua beleza: ela não pede licença, não dá prévia, não negocia. Ela simplesmente acontece. E, ainda assim, a gente insiste em acreditar que tem controle… e sofre pela ausência dele, como se essa ausência fosse falha, quando na verdade é a regra do jogo. A falta de controle é a lembrança mais cruel e mais bela da existência. Cruel porque nos arranca a ilusão de sermos donos do tempo, dos outros, até de nós mesmos. Bela porque, ao despir-nos dessa ilusão, nos devolve a verdade mais antiga: tudo é instante.  Heráclito já dizia que “ninguém entra duas vezes no mesmo rio, porque as águas ...

Nuances (19/11/2025)

Era só um sopro. Um toque leve, quase tímido, desses que atravessam a pele sem pedir licença. Meu coração ainda andava devagar, como se estivesse tentando decifrar o que viria desse prelúdio doce, quente, que se instalou em mim sem pressa. Aos poucos, o ar mudou. A respiração ficou curta, o corpo começou a entender a linguagem secreta que só a gente fala. Cada centímetro virou gatilho, cada gesto virou centelha. E eu senti… o ritmo subindo como maré, a mente abrindo janelas, portas, mundos. Era informação demais, sensação demais, tudo vindo junto, sem ordem, sem lógica um caos delicioso, urgente, vivo. Como se eu fosse feita só de nervos expostos e desejo pulsando. Até que… de repente… o silêncio. Não um silêncio vazio. Um silêncio que acolhe. Um nada pleno, suspenso, onde a minha alma simplesmente se desprende do corpo e começa a dançar sobre nós. Ali, não tinha pensamento. Não tinha “eu”. Não tinha tempo. Só a explosão. O brilho. A entrega. O cheiro... o nosso cheiro invadindo o ar, ...

Nós (17/11/2025)

a gente é tão diferente e tão igual. Você é sistemático e organizado. Eu sou caótica e impulsiva. Você é contido e controlado. Eu sou uma explosão de fogo e vertigem. Mas a verdade é que dentro de você tem um vulcão,  um calor que cresce e queima tudo. Você é controverso, contraditório…  finge que não quer controlar, mas controla. Finge que não quer queimar e incendeia. E tem esse desejo secreto, nem tão secreto assim, pela minha rendição. E eu, que sempre fui escandalosa, dona de mim… me vejo sendo guiada, tomada, conduzida de um jeito que não me diminui me revela. É tão delicioso que assusta. Porque com você eu relaxo. Eu me rendo. Eu solto o peso do mundo sem culpa. Você me incendeia, me instiga, me tira da rota e ao mesmo tempo é brisa fresca. É clareza. É esse silêncio bom que abraça. É essa sensação de lar que eu achava que nunca mais ia sentir. E eu bagunço. Bagunço sua cama, sua rotina, sua vida meticulosamente dobrada. Te tiro do eixo, te faço sentir,  te faço pu...